"Na impossibilidade que me encontro de testemunhar no processo de Fernando Arrabal, escrevo esta carta na esperança de que possa ser levada ao conhecimento da Corte sensibilizando-a ao excepcional valor humano e artístico daquele que ela vai julgar. Julgará um escritor espanhol que, no curto espaço de dez anos, alcançou o primeiro patamar dos dramaturgos de hoje, devido a um talento profundamente espanhol.
Todos os lugares onde são encenadas suas peças - e suas peças são encenadas em todos os lugares - lá está a Espanha. É sobre este passado admirável que convido a Corte a refletir antes de aplicar a sentença. E, ainda, Arrabal é jovem. Ele é frágil física e mentalmente.
Ele sofrerá ainda muito para nos dar o que tem ainda a nos dar. Aplicar-lhe a pena pedida pela acusação, não é apenas punir um homem, é comprometer toda um obra que está para nascer. Se há culpa, que ela seja vista à luz do mérito de ontem e da grande promessa de amanhã, e portanto, perdoada. Que Fernando Arrabal seja entregue a sua própria pena.
[14 de agosto de 1967.]
[...]
Samuel Beckett"
Em: http://raulherrero.blogia.com/2009/092801-beckett-articulo-de-fernando-arrabal-publicado-en-la-revista-l-atelier-du-roman-.php
Tradução: Marcelle Pamponet
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