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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Obrigada!

A Torre de Arrabal chegou ao fim. Gostaria de agradecer a todos que encararam essa empreitada de levantar essa formidável Torre ao meu lado. Foi uma experiência maravilhosa.
Obrigada a todos que conferiram, apoiaram e divulgaram nosso projeto, afinal sem o público nada existiria. E, por fim, obrigada Arrabal por ter aceitado vir a nossa Bahia de coração aberto.


Marcelle Pamponet
Diretora
Carta de Fernando Arrabal






domingo, 15 de agosto de 2010

Torre de Babel!

Estreou dia 11/08 no Aniversário de Arrabal, ele muito emocionado, após o fim do espetáculo, disse:
"Já vi essa peça encenada vinte vezes, nunca me emocionei assim antes"

Bruno de Sousa como Caolho
Simone Brault - Latídia
Bruno Petronílio - Aleijado
Vera Pessoa (Bêbada), Bruno de Sousa (Caolho), Mirella Matteo (Condessa), Francisco Villares (Assassino), Simone Brault (Latídia) e Alex Nascimento (Peregrino)
MIrella Matteo, Francisco Villares, Vera Pessoa, Bruno de Sousa, Francisco Xavier, Léo Passos

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Arrabal em Salvador

Arrabal fez sua passagem em Salvador e deixou sua marca, palestras, lembranças e reflexões inesquecíveis! Confira as fotos:


Universos Arrabalescos
Bate-papo sobre cinema
Gil Vicente Tavares, Wilson Coelho e Fernando Arrabal

sábado, 31 de julho de 2010

PROGRAMAÇÃO

TEATRO

Torre de Babel
11 à 22 de agosto
Quarta à domingo às 20h
Teatro Martim Gonçalves
Texto: Fernando Arrabal
Direção: Marcelle Pamponet
Num castelo decadente, governado por uma duquesa cega, nobres e mendigos travam uma batalha surreal pelo poder. Ídolos e personalidades históricas misturam-se a essa luta de classes às avessas.
Com a presença de Fernando Arrabal na estréia 11/08.


ARTES VISUAIS
 
Torres de Giz

11/08 às 17h30
Local: Sala 5 – Escola de Teatro da UFBA
Artista: João Aires

Torre de Imagens: revelando Arrabal
De 12  à 22/agosto
Local: Pizzaria Colombo – Rio Vermelho
Homenagem a Fernando Arrabal através da exposição de seus desenhos, e fotografias de Christele Jacob que têm ele como tema.

CONVERSAS

O cinema pânico
10/08 às 19:15h
Local: Instituto Cervantes

Convidado: Fernando Arrabal
       

Universos Arrabalescos
11/08 às 17h30
Sala 5 – Escola de Teatro da UFBA

Convidados: Fernando Arrabal
         Gil Vicente Tavares (Dramaturgo e Diretor)
         Wilson Coelho (Diretor, Dramaturgo e estudioso da obra de Arrabal)



CINEMA

Mostra Arrabal de Cinema
10 à 18/agosto às 19h
Local: Instituto Cervantes

10/08 (terça-feira)
19h
Fragmentos de Arrabal
De Fernando Bélens. Filmado em Salvador quando da vinda de Fernando Arrabal, de forma intimista traz comentários do dramaturgo sobre teatro, atualidades, filosofia.

20h
A Arte de ser Arrabal
De Bernard Leonard e Pierre Alexis de Potestad. Pré-estréia mundial. Filmado entre 2002 e 2009, esse documentário nos propõe um passeio na eterna Primavera de Fernando Arrabal.
 
Com a presença de Fernando Arrabal para conversa com o público após “Fragmentos de Arrabal”.


12/08 (quinta-feira)
Irei como um cavalo louco
Aden foge da sociedade após a morte de sua mãe controladora. No deserto, conhece Marvek e descobre a beleza da natureza. De retorno à civilização, torna-se consciente da natureza hipócrita e terrível da sociedade humana.

13/08 (sexta-feira)
A  árvore de Guernica
A Guerra Civil Espanhola na fictícia cidade de Villa Ramiro, cuja proximidade com Guernica leva o povo a se inspirar em sua árvore de liberdade. As imagens são intercaladas com cenas reais da guerra.

14/08 (Sábado)
Viva La muerte!
A Guerra Civil Espanhola através do olhar infantil de Fando, que assiste seu pai ser preso pelo regime, enquanto sua mãe é religiosa e simpática ao fascismo.

15/08 (domingo)
O Imperador do Peru
Três crianças, ao explorarem as florestas dos arredores, conhecem um velho que trabalhava nos trilhos, junto com ele tentam restaurar um antigo trem para chegarem ao Camboja.

16/08 (segunda-feira)
Cemitério de Automóveis
Em um cemitério de automóveis vive uma comunidade em que todos são procurados pela polícia, principalmente Emanou, mas ele será traído por um dos seus.


17/08 (terça-feira)
Jorge Luís Borges (Uma vida de Poesia)
Reflexões biográficas sobre o poeta argentino Jorge Luís Borges cuja influência sobre a obra de Arrabal é incontestável.

18/08 (quarta-feira)
Adeus, Babilônia!
Baseado no romance homônimo de Arrabal. Um mergulho no mundo do dramaturgo através das andanças de Leila Fischer nas ruas de Nova Iorque.






 FICHA TÉCNINCA

Direção Artística - Marcelle Pamponet
Coordenação da mostra audiovisual - Thiago Gomes
Artista “Torre de Giz” - João Aires
Fotografias “Torre de Imagens” - Christelle Jacob
Desenhos “Torre de Imagens” - Fernando Arrabal

Intérprete/Receptivo: Raíça Bonfim
Convidados: Fernando Arrabal, Gil Vicente Tavares, Wilson Coelho.

Programação Visual: Aline Brault e Bárbara Gesteira
Mídias Alternativas: Bárbara Gesteira e Laís Almeida
Direção de Produção - Susan Kalik
Produção executiva – Francisco Xavier e Gabriela Rocha




Torre de Babel

Texto : Fernando Arrabal
Tradução : Rodrigo Chagas Daltro e Marcelle Pamponet

Direção: Marcelle Pamponet
Assistência de Direção : Ísis Barreto e Vida Oliveira
Orientação : Gláucio Machado

Elenco:
Alex Nascimento: Burro Marciano
Bruno de Sousa: Caolho
Bruno Petronílio: Aleijado
Francisco Vilares: Assassino
Francisco Xavier: Marques de Cerralbo
Léo Passos: Conde de Écija
mirella d'andreamatteo: Condessa de Écija
Simone Brault: Latidia, a Duquesa de Teran
Vera Pessoa: Bêbada e Mareda



Voz em off: Daniel Calibam




Direção de Arte e Cenografia : Rodrigo Frota
Assistência de Cenário: Fred Alvin, Ruhan Alves e Tárcio Pinheiro
Direção Musical : Luciano Bahia
Iluminação : Luiz Guimarães
Figurino e Maquiagem : Ramona Azevedo
Assistência de Figurino : Jeane Sanchez e Juliana de Sá
Coordenação de Cenotécnica: Adriano Passos
Cenotécnicos: George Santana Israel Luz (Gão), Paulo Maurício e Agnaldo Queiroz
Contra-regra: Jr. Pimenta
Costureiras: Graça Calazans, D. Márcia, Márcia de Azevedo,.
 Operação de Som: Biloca
Operação de Luz : Tarcila Passos

Direção Produção : Susan Kalik
Produção Executiva : Gabriela Rocha
Assistente de Produção : Ticiana Figueiredo



Agradecimentos: Arquimédio Pamponet, Bira Freitas, Cissa Guimarães, Claudine Lagrive, Fernando Bélens, Fernando Júnior Júnior, Ítalo Seal, Jaqueline, Luís Alberto Gonçalves, Maria de Souza, Maízia Pamponet, Pedro Rodrigues, Sonale Fonseca, Válter.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Torre de Babel vem aí!

Estamos nos aproximando da estréia da Torre de Babel! O clima de ansiedade e animação toma conta do elenco e de toda a equipe.
A torre foi construida, agora  Avante para a estréia!


Mirella Matteo e Bruno Petronílio

Léo Passos, Mirella Matteo, Bruno de Sousa, Francisco Vilares, Bruno Petronílio, Vera Pessoa, Francisco Xavier, Simone Brault (ao fundo)     


















 Fotos: Rodrigo Frota

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Blog Indicado

Nosso Blog foi indicado ao prêmio TOP BLOG 2010!
Recebemos um email essa semana nos informando nossa indicação, a equipe Torre de Arrabal agradece a todos que tem acompanhado o blog, continuem, em breve postaremos a programação completa aqui!
Contagem regressiva, faltam 15 dias para o início da Torre de Arrabal!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A arte de ser Arrabal

Confirmada a exibição do documentário francês "A arte de ser Arrabal", dirigido por Bernard Léonard e Pierre Alexis de Potestad, ainda inédito na França, terá sua estréia no nosso evento: "Torre de Arrabal". 

Gravado entre 2002 e 2009, o filme propõe um passeio na eterna Primavera de Fernando Arrabal. Entre seus 70 e 77 anos, as rugas que lhe marcam se aprofundaram, mas ele nada perdeu de sua juventude e ludicidade.
Sua criatividade faz com que seja permanentemente encenado no quatro cantos do mundo, portanto Fernando não tem tempo de envelhecer.
De Moscou a Buenos Aires passando por Jena e Paris, esse filme refaz os passos desse exilado que trocou suas raizes pelas pernas. Presente em todas as frentes artísticas, Arrabal nos lembra o papel do poeta diante do Mundo, que deve sempre ter a última palavra.


Bem, sinceramente, creio que Arrabal seja talvez o único autor contemporâneo que realmente compreenda as angustias, os problemas e as necessidade dos jovens encenadores de nosso tempo. Arrabal, autor Pânico de nosso tempo, é, creio, o pilar do teatro comtemporâneo. (Trecho extraído do Filme)


masdd

terça-feira, 6 de julho de 2010

Uma Festa Suntuosa

Ainda pouco ou mal conhecido na França, pelo menos do grande público, Fernando Arrabal impôs sua personalidade em vários países da Europa e América Latina. Seu teatro dá lugar a discussões calorosas: admirado por alguns, vaiado por outros; ele encanta  ou faz rir. Autor insólito por excelência, Arrabal é um representante típico dos últimos desenvolvimentos do nosso teatro que vão até o limite extremo do que podemos ousar. Comparados a ele, Beckett e Ionesco são figuras de dramaturgos à moda antiga.[1]

O teatro de Arrabal não se contenta em ferir as concepções tradicionais de moral, religião ou estética; ele revira avidamente a alma humana em todos os seus esconderijos, espreita e expõe com audácia nossas necessidades mais privadas, nossos desejos mais insanos, nossas paixões mais inconfessáveis; pertence a um poeta tão revelador quanto imprevisível; o dialogo, enfim, abrupto ou alegremente feroz, deliberadamente extravagante, estarrecedor, surpreendente e, por vezes, cativante.

Contudo, as peças de Arrabal correm o risco de exaltar ou ainda repugnar a maioria dos espectadores devido ao gosto mórbido que tem o autor pela ofensa, blasfêmia e obscenidade, pela repetição de obsessões ou delírios erótico-sado-masoquistas. Já a paixão de Arrabal pela filosofia, “essa maravilha humana, esse fruto divino da civilização”, como diz o Imperador da Assíria, nos faz rir uma vez que percebe-se que a maioria de suas divagações herméticas, traduzidas em uma linguagem coerente, nos leva a lugares comuns bastante repetidos.


[1] Willian Saroyan em 1959 no Cahier des Saisons: "Se Beckett pode fazer o que fez, e Ionesco, deve-se crer que haverá outros que poderão fazer ainda mais.”

Paul Surer 



Esse artigo foi extraído da obra “Cinqüenta anos de teatro” que Paul Surer apresentou à Sociedade de Edição de Ensino Superior, 5, place de La Sorbonne, Paris. 

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Mostra de Cinema Arrabal!

Além dos já confirmados filmes: Irei como um cavalo louco de Fernando Arrabal e Teatro de Titãs do baiano Fernando Bélens, exibiremos ainda como integrantes da Torre de Arrabal a filmografia completa deste diretor espanhol! São 7 longas metragens que compõem sua obra cinematográfica, dente eles Viva la Muerte: o primeiro e mais célebre filme de Arrabal que narra sua infância, tendo como pano de fundo a Espanha franquista.
Pouco conhecido como cineasta no Brasil, sua obra é bastante aclamada, sendo que em 2007 recebeu o prêmio Pasolini de Cinema

Abaixo cenas de Árvore de Guernica, um dos filmes que será apresentado como parte da Torre de Arrabal:




"É uma das obras cinematográficas mais audazes, paroxisticas e artisticamente mais acabadas (Amos Vogel. "Village Voice", NY)
"Arrabal é ferozmente original"(John Parrak, "Rolling Stones")
"Arrabal é melhor que Fellini, que Ingmar Bergman... é para o cinema o mesmo que Rimbaud para a poesia. (P. Bruckberger ‘Le Monde’)

terça-feira, 22 de junho de 2010

A Torre de Babel vista de um olho só

     Certo dia estava eu, Gaspar Quintero, mais conhecido como Caolho, passando pela rua juntamente com meus dois companheiros de batalha: o aleijado e a bêbada. Quando tudo parecia perdido e os ânimos já desanimados ( o meu não, deixo claro!), eis que surge uma voz aos berros, um convite à revolução, uma porta que se abria para nós: os desalmados, os sem teto, os homens de bem. Era o grito desesperado de uma mulher, acho que a dona do castelo. Ela pedia ajuda, guerrilheiros, gente disposta a lutar. "Não tenho nada a perder", pensei. "Se ajudo uma rainha acho que ela pode me ajudar também". "Vamos ocupar!", gritei. "Nosso lema será: Comamos e bebamos que amanhã jejuaremos! Viva a Espanha!" Então entramos no castelo. Armados, atentos, prontos para tudo, dispostos a tudo.
      O casarão era velho, mais velho do que eu pensava. Acho até que merecíamos coisa melhor. O teto parecia desabar, os móveis quebrados, o cheiro de mofo. Mas estávamos ali prontos para tudo, dispostos a tudo. Tinha uma gente metida, granfina, bem vestida. "Aquele lugar não era para eles", pensei. Eram fracos, medrosos, não tinham sangue nas veias. Não lhes dei importância. Acho que deviam ser hóspedes da rainha. Ela sim! Ela era imponente, guerrilheira, acreditava em nós. Eu faria sim tudo por ela. Uma mão lava a outra.
      Estava com fome, fome de tudo: comida, gente, bebida, casa, fome de liberdade. Ali eu era livre. A rainha me deixou ser livre. Até nomeado Che Guevara fui! Fiquei importante! Mendigo nunca mais! As coisas foram mudando. Quiseram nos propor que ficássemos contra a Latídia. Achei estranho. Trair quem me ajudou? Mas se realmente ela for louca e cega? Já cansado de ser enganado fiquei mais atento. Não sairia ileso daquele castelo, algum proveito eu teria que ter. E tive. Fui chamado até de cavalheiro, fui reconhecido. Um conde falido me deu esse título enquanto chupava o buraco do meu olho. Já estava no lucro. Mas para garantir o meu vendi aquela gente toda no alto do castelo. Um leilão. Eram as únicas coisas que eu podia vender daquele lugar. Afinal quem compraria uma viga podre? Só me restava a carne humana mesmo.
     Como alegria de pobre dura pouco, e a minha não seria diferente, o castelo veio a cair. Desabou tudo em cima de nós. Éramos todos iguais: mendigos, condes, criados. E assim, arrependido de quase ter traído a confiança daquela mulher que me deu abrigo e título de líder revolucionário, entreguei à sua causa. E juntamente com os outros donos do castelo construímos uma nova torre de babel. Era a hora de jejuar.

Caolho

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Por um Cerimonial de Teatro


O teatro é acima de tudo uma cerimônia, uma festa, da qual fazem parte o sagrado e o sacrilégio, o erotismo e o misticismo, a morte e a vida.
Eu sonho com um teatro onde o humor e a poesia, a fascinação e o pânico serão apenas um. O rito teatral se transformará, portanto, em uma "opera mundi", como os fantasmas de Don Quixote ou os pesadelos de Alice no País das Maravilhas.



Fernando Arrabal em: l'Avant-Scène, n 443. fev 1970

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Baal Babilônia


Eu te disse: - Primeiramente, honrar Deus acima de todas as coisas
E você me disse:  - sim
E eu te perguntei o que significava honrar Deus acima de todas as coisas.
E você me disse: - Significa que é preciso sempre honrar Deus acima de tudo.
E eu te disse:  - Ah! Depois eu te disse:  -Em segundo lugar, não blasfemar
E você me disse:  - sim 
E eu te perguntei o que significava não blasfemar.
E você me disse:  - Significa que não se deve nunca blasfemar.
E eu te disse:  - Ah!  E depois eu te disse:  Em terceiro lugar, guardar os domingos e festas de guarda.
E você me disse: - sim 
E eu te perguntei o que significava guardar os domingos e dias de guarda.
E você me disse: - significa que deve-se sempre guardar os domingos e dias de guarda

Um, dois, três. Sim.

E eu te disse: - Em quarto lugar, honrar seu pai e sua mãe
E você me disse: - sim 
E eu te perguntei o que significava honrar seu pai e sua mãe.
E você me disse: - significa que deve-se sempre honrar seu pai e sua mãe.
E eu te disse:  - Ah!  E depois te disse: - Em quinto lugar, não matar.
E você me disse:  - Sim.
E eu te perguntei o que significava não matar.
E você me disse:  - Significa que não se deve nunca matar.
E eu te disse:  - Ah!  E depois eu te disse: - Em sexto lugar, não fornicar.
E você me disse: - Sim.
E eu te perguntei o que signifcava não fornicar.
E você me disse: - Significa que não se deve jamais fornicar.
E eu te disse:  - Ah!

Quatro, cinco, seis. Sim.

E eu te disse: - Como?
E você me disse: - O quê?
E eu te disse: - Como isso, não fornicar?
E você me disse: - Não fornicando.
E depois você me disse: - Como diz o catecismo,
E eu te disse: - Ah!  E depois eu te disse: - Mas quando?
E você me disse: - Bem, nunca.
E eu te disse:  - Mas onde?
E você me disse:  - Bem, em todos os lugares.
E eu te disse: - Ah!  E depois eu te disse: - Ah!  E depois eu te disse: - é uma dessas historias de grandes pessoas? 
E você me disse: - Sim. 


Trecho de Baal Babilônia de Fernando Arrabal. Tradução: Marcelle Pamponet

terça-feira, 25 de maio de 2010

Arrabal e a Torre de Babel

Fernando Arrabal comemora seus 77 anos em São Paulo em 2009.

En la foto actores y directores del Brasil rodean a Arrabal el dia de sus 77 años en 2009. Marcelle Pamponet (con sombrero) està a la extrema derecha de la foto. Esta joven y talentusosa directora serà la "metteuse en scène" de la obra

En 1975 el propio Fernando Arrabal dirigio a la inolvidable Ruth Escobar en el estreno en Sao Paulo de La torre. 

domingo, 23 de maio de 2010

Construindo a Torre...

Ensaios do espetáculo Torre de Babel. 
Nas fotos abaixo: Mirela Matteo, Léo Passos, Francisco Xavier, Simone Brault, Fernando Júnior, Vera Pessoa, Bruno de Sousa e Bruno Petronílio (atores do espetáculo) e Marcelle Pamponet (diretora).


sexta-feira, 21 de maio de 2010

De Beckett

"Na impossibilidade que me encontro de testemunhar no processo de Fernando Arrabal, escrevo esta carta na esperança de que possa ser levada ao conhecimento da Corte sensibilizando-a ao excepcional valor humano e artístico daquele que ela vai julgar. Julgará um escritor espanhol que, no curto espaço de dez anos, alcançou o primeiro patamar dos dramaturgos de hoje, devido a um talento profundamente espanhol.

Todos os lugares onde são encenadas suas peças - e suas peças são encenadas em todos os lugares - lá está a Espanha. É sobre este passado admirável que convido a Corte a refletir antes de aplicar a sentença. E, ainda, Arrabal é jovem. Ele é frágil física e mentalmente.

Ele sofrerá ainda muito para nos dar o que tem ainda a nos dar. Aplicar-lhe a pena pedida pela acusação, não é apenas punir um homem, é comprometer toda um obra que está para nascer. Se há culpa, que ela seja vista à luz do mérito de ontem e da grande promessa de amanhã, e portanto, perdoada. Que Fernando Arrabal seja entregue a sua própria pena.


[14 de agosto de 1967.]


[...]


Samuel Beckett"


Em: http://raulherrero.blogia.com/2009/092801-beckett-articulo-de-fernando-arrabal-publicado-en-la-revista-l-atelier-du-roman-.php

Tradução: Marcelle Pamponet

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Torre de Babel

Arrabal surgiu em minha vida quando ainda não sabia o que era Teatro do Absurdo, Movimento Pânico ou Patafísica. E foi assim, livre desses pré-conceitos que adentrei no universo arrabalesco. Em Fando e Lis busquei o caminho de Tar, em Oração prometi ser boa e pura como os anjos, mas foi Torre de Babel  que me fez jurar: melhor morrer de pé a viver ajoelhada!
 A Torre de Babel se apresentou para mim quase ilegível, em folhas datilografadas de tinta esmaecida, pedia para ser decifrada, decifra-me ou devoro-te, disse-me. Fiz mais, eu mesma a devorei. Apaixonei-me por Latídia, essa duquesa cega e pura, perseguindo uma utopia tão inatingível que só é possível concretizá-la em uma outra realidade, essa realidade arrabalesca – em que o sagrado e profano se misturam, em que todos são movidos por intenções puras e infantis. Diverti-me com os mendigos que, embora, sujos, bêbados e aleijados defendiam a honra com a nobreza de um conde.
Em 2008, quando conheci esse ilustre homenzinho, de pouca altura e muita genialidade: Fernando Arrabal que, com o altruísmo da nossa protagonista me recebeu em sua casa, ofereceu-me vinho, bombons, e um pouco de seu conhecimento, tive a certeza de que era a hora de encenar A Torre de Babel. Mas a encenação apenas não me satisfazia mais, queria poder compartilhar com a minha terra o pouco que vi e vivi ao lado desse grande mestre, e ele, com um sorriso nos lábios,  aceitou, com a condição de em Terra Brasilis comemorar seu aniversário. Começava então a construção da Torre de Arrabal.
Marcelle Pamponet

Diretora de Torre de Babel

Pedra da Loucura

"Na escuridão vejo apenas os olhos da Esfinge de Tanis. Estão fixos e me olham. Eu os olho também.
De repente, em um de seus olhos, vejo escrita a palavra MEDO, e no outro ESPERANÇA.
Mas, assim que as Esfinge fecha os olhos, vejo apenas a escuridão."
Fernando Arrabal

terça-feira, 18 de maio de 2010

Uma Festa Suntuosa

Fernando Arrabal definiu claramente suas intenções e sua concepção de teatro. Ele não escreve peças com teses; ele não passa uma mensagem: “Eu não tenho nenhuma teoria sobre o teatro.” Escrever é, para ele, uma aventura sempre misteriosa, “não como o fruto do saber e da experiência”. Por outro lado, em resposta àqueles que vêem nele um intelectual desejoso de mistificar e provocar o público, ele declara: “ Eu não faço mistificações, eu não faço provocação... Eu não inventei nada, eu não sou um marciano. O que eu escrevo, já foi escrito; eu proponho variantes.”
Para ele o teatro é uma festa suntuosa, uma cerimônia ritual, que mistura os elementos os mais opostos: “A tragédia e o guignol, a poesia e a vulgaridade, a comédia e o melodrama, o amor e o erotismo, o happening e a teoria dos conjuntos, o mau-gosto e o refinamento estético, o sacrilégio e o sagrado, a morte e a exaltação da vida, o sórdido e o sublime se inserem naturalmente nessa festa, nessa cerimônia pânica.”
O teatro de Arrabal exprime “em todos os desvios de sua caminhada, o caos, a confusão da vida” Isso não significa que a estrutura de suas pecas esteja entregue ao acaso, pelo contrário. Grande enxadrista, Arrabal é partidário de uma construção bem elaborada: “O espetáculo deve ser regido por uma idéia teatral rigorosa. Atualmente, para nossa sorte, a matemática moderna nos permite,  com maestria, fazer da peça mais sutil a mais complexa. Portanto, sob uma aparente desordem, é indispensável que a encenação seja um modelo de precisão. Quanto mais o espetáculo se revela exaltante (até a conivência ou provocação) e fascinante (até o ultraje ou o sublime), mais a peça e a encenação exigem minúcia.”  E Arrabal conclui: “O teatro que elaboramos agora, nem moderno, nem de vanguarda, nem novo, nem absurdo, aspira somente ser infinitamente livre e melhor. O teatro em todo seu esplendor é o espelho mais rico de imagens sobre o qual pode se refletir a arte de hoje; ele é também prolongação e sublimação de todas as artes.”

Paul Surer

Esse artigo foi extraído da obra “Cinqüenta anos de teatro” que Paul Surer apresentou à Sociedade de Edição de Ensino Superior, 5, place de La Sorbonne, Paris.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Viva La Muerte




O filme de estréia de Fernando Arrabal, "Viva la Muerte" é considerado por muitos críticos como o auge do cinema de vanguarda espanhol. Repleto de imagens surreais de violência, sexualidade e comentários políticos irônicos, o filme coloca Arrabal como um dos mais proeminentes surrealistas de língua espanhola, ao lado de Luís Buñuel e Alejandro Jodorowsky.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pedra da Loucura

"Veio o padre ver minha mãe e lhe disse que eu estava louco.
Então, minha mãe me amarrou à cadeira. O padre, com um bisturi, fez um buraco na minha nuca e extraiu a pedra da loucura.
Depois, eles me levaram amarrado e amordaçado à nave dos loucos."
Fernando Arrabal

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Teatro de A à Z, por Paul-Louis Mignon

Fernando Arrabal, nascido em Mellila ( antigo Marrocos espanhol) 11 de agosto de 1932.
Ele tinha então 4 anos quando a guerra civil eclode no seu país. Ele não vai jamais rever seu pai, preso pelos franquistas, e sua mãe fará de tudo para apagar a presença e a lembrança desse marido cujas convicções não compartilha.
- Dos quatro aos oito anos, durante a guerra, disse ele, eu conheci intimamente o ódio, a ferocidade. O choque que senti jamais deixou de agir sobre mim; desde então nunca os acontecimentos conseguiram me impressionar da mesma forma.
Com a prisão de seu pai, sua mãe parte para Ciudad Rodrigo e, 3 anos depois, Madrid. É na escola, durantes as festas de fim de ano, que ele descobre o prazer do espetáculo.
- Eu tive então a idéia de construir um teatro em miniatura com personagens recortados de fotos de jornais as quais eu colava em pedaços de madeira. Minha irmã e eu os manipulávamos dividindo os papeis. Eu comecei a compor um repertório para divertir minha família.
Entre as numerosas peças que escreveu, a Guerra da Coréia inspirou “Piquenique no Front”. Ele escreverá ainda “O Triciclo”. Tinha apenas 17 anos.
- Em suma, eu comecei a fazer teatro antes mesmo de ter visto uma apresentação de uma peça, no sentido profissional do termo.
Depois dos estudos em Tolosa – preparatórios para a industria do papel – ele se volta para o direito, ocupando, em Madrid, um cargo de escritório. Ele vai muito ao teatro. Assiste Calderon, Benavente, alguns esquetes..
- Em seguida, devido a uma representação única para os estudantes, assisti “Esperando Godot”. Foi uma revelação, a revelação. De repente o teatro me pareceu vivo. E eu senti que minhas peças poderiam ser interpretadas. Isso me encorajou a me dedicar cada vez mais.
Quando, em 1954, descobre que o Berliner Ensemble e Brecht saem de Berlim e vão a Paris, ele sente necessidade de assistir o evento, indo lá de carona.
- Brecht era um mito fantástico. Eu não compreendi uma palavra sequer, mas diante da encenação de “Mãe Coragem” – eu me lembro particularmente do momento em que Helène Weigel depenava um frango – eu fui ao êxtase.

Um de seus amigos inscreve “O Triciclo” em um concurso. A peça ganha. A Embaixada da França oferece a Arrabal uma bolsa para estudar teatro em Paris. Em 1955 descobre que está com tuberculose.
- Um salário de empregado na Espanha me dava o mínimo para comer. Os dois anos passados no sanatório de Bouffémont, no entanto, não foram perdidos. Eu não fazia outra coisa além de ler e escrever.
“O Triciclo” é criado na Espanha em 1957 ( a peça é encenada uma única vez).
- Houve uma verdadeira batalha entre os “prós” e os “contras”. Os espectadores brigavam entre si.
Em Paris, sua mulher inscreve “O Triciclo” à Comissão de apoio à primeira peça. Jean Mercure toma conhecimento do manuscrito, o qualifica de raro e o recomenda a Jean-Marie Serreau. Este pede para ler outras peças.
- Com a intervenção de Genevieve Serreau, Rene Julliard decidiu as editar e me enviar uma mensalidade que, durante muito tempo, me permitiu viver.
Jean-Marie Serreau encena “Piquenique no Front” (Lutece, 1959)
[...]
Produziu muito? Ele explica:
- De fato, essa é toda minha atividade com os Cadernos de Teatro que dirijo. Cada dia, quando escrevo (escrevo, acrescenta, em francês ruim e corrijo com minha esposa) é o momento em que me divirto. Cada peça corresponde a um estado de espírito, as minhas preocupações, quando a escrevo. É por isso que meu teatro se organiza em torno de elementos que me são essenciais, Arrabal claro, a mãe, a realidade, os sonhos, o absurdo. “O jardim das delicias” está relacionado a descoberta de minha irmã durante minha prisão em Madrid, em 1967. Quando éramos crianças nos víamos pouco. Em seguida, nos perdemos de vista. “O jardim das delicias” é sua vida, é a minha tal como a percebia na época.
Eles colocaram algemas nas flores” nasceu do choque que tive quando soube que o homem tinha pisado na lua. Procurei saber o que meus companheiros de prisão pensavam.
“O Coroamento” data do período em que freqüentava a casa de André Breton. Parte de uma anedota pessoal, porém enriquecida pelo universo de Breton, pelo surrealismo.
Me falam muito de Sade. Eu sou um estranho à obra de Sade (a sua credibilidade), porem reconheço sua genialidade. É ao universo de Shakespeare que sou mais sensível. Eu vivo os eventos contemporâneos. Em maio de 68 eu fui para minha casa escrever uma peça sobre as barricadas, “A Aurora vermelha e preta”. Não pensando em política. Eu não sou um homem político. Eu não tenho lição a passar. Eu sou um homenzinho tão livre quanto é possível.
Os sonhos tem tanta influência quanto a realidade. Um pesadelo que tive na manhã que operei o pulmão se encontra exatamente no “Labirinto”. Geralmente, creio que é necessário utilizar todos os nossos fantasmas, não se limitar ao envelope exterior de nossa vida para ser verdadeiro. É isso que procuro, não provocar, nem chocar.



MIGNON, Paul-Louis. l'Avant - Scène, n. 443. 1970, Paris, França.
Tradução: Marcelle Pamponet

Entrevista de Arrabal

 

terça-feira, 11 de maio de 2010

Um pouco de poesia...

Clítoris (em qualquer inocência)

Janela do mar para a tempestade e suas ondas
Sol da amêndoa para o dardo e a suas trombetas
Lua do crepúsculo para o que é lascivo e seus caprichos
Carne do impudico para o desejo e seus tumultos
Concubina do pubis para o macho e seus males
Pimenteira da fusão para a alcova e suas tigresas
Harmonia da verticalidade para o carnívoro e seus boquetes
Selo de ejaculação para o criador e suas alucinações
Jóia do orgasmo para flauta e seus dedos
Pleno de existência para a intimidade e seus ritos
Oficina do amor para o martírio e suas brasas
Coração do espasmo para a ejaculação e a lambida
Flor do furor para o sádico e suas mordidas
Moinho de delícias para a pistola e seus tiros
Margarida de Eros para o libidinoso e seus raios
Nicho de enigma para a penetração e os seus raios
Ostra de adoração para o tronco e seus carnavais
Botão de ligar o cacete e seus caprichos
Rosa de beijos para o adorador e seus puros
Grelo de loucura para o bulício e suas dileções
Concha de sedução para o precioso e seus hímens
Escudo de delírio para o que é ruiseñor e seus caprichos.
Topete de ardor para a fantasia e seus nós
Mandolina de calor para a flecha e suas intrigas
Morango de dilúvio para o delirium e o seus tremens
Ninho de culto para o marquês e suas ataduras
Gaveta de ereção para o clavicórdio e suas paixões
Tufo de sortilégio para a adaga e os seus toques.
Tesouro de febre para o falo e suas queimaduras
Cetro da chama para a cerimônia e seus frenesis.

Arrabal, Monte Carmelo 2007 (tradução de Wilson Coêlho, Brasil) em http://arrabalclitoris.blogspot.com/


sexta-feira, 7 de maio de 2010

Irei como um Cavalo Louco


Segundo filme de Arrabal: Irei como um cavalo louco (J'irai comme un cheval fou) abandona a alegoria política presente em "Viva la Muerte" em prol de uma descoberta dramática da fé e religião organizada.
Trata-se da história de Aden, interpretado pelo americano George Shannon, que foge da sociedade após a morte de sua mãe controladora. No deserto, descobre a beleza da natureza e, sob a tutela de um eremita, Marvek, torna-se um homem normal. Aden apaixona-se loucamente por Marvel, que pode se comunicar com animais, as nuvens e o sol. Após retornar à civilização, agora com Marvel, Aden torna-se consciente da natureza hipócrita e terrível da sociedade humana.

"Irei com como um cavalo louco" é considerado uma obra prima do cinema surrealista, o filme mais delirante e diabólico de Arrabal, um retrato chocante tanto da beleza do mundo quanto de seu tormento interno.

fonte: www.arrabal.org

Arrabal anuncia sua vinda a Salvador

fonte: www.newperformancestheatre.blogspot.com

Fernando Arrabal e Marcelle Pamponet (diretora de "Torre de Babel")



Autocrítica de Torre de Babel

Minha terra pousou frente ao espelho côncavo e pintei seu retrato como se tratasse de um microcosmo. Não há soluções, não há problemas. O primeiro plano o domina uma alegoria (vigas, cupins, águias) que impõe um movimento de caráter convulsivo, o qual me provocou uma sensação de vertigem.

Os que viram a obra ou a leram parecem ter chegado a um acordo tácito para definir a paisagem (a atmosfera) como impenetrável, enigmática ou inclusive como um hieróglifo apavorante, na verdade descrevi tão somente a realidade geográfica de minha pátria sem esquecer, naturalmente, as ameaças escondidas.

É possível que me represente, que me retrate sem mostrar a face, que fascinado pelo Quixote solitário e a mulher me deixe levar por, como disse Dante, l’amore che muove il sole et Valtre stelle (sem esquecer meu suspeito entusiasmo pelas matemáticas hipermodernas)

A terra que toco e que apalpo ou que sinto saudades é o maestro mais genial, e quando trabalho sobre ela (sobre as quimeras que surgem de uma paisagem tão íntima como quase esquecida) medito sobre a mais minuciosa de minhas secretas estruturas espirituais. Reflito sobre o essencial, então.

Fernando Arrabal

28 de maio de 1957

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Torre de Arrabal - Agosto em Salvador


Fernando Arrabal é um dos ícones do Teatro do Absurdo, o último sobrevivente dos avatares da modernidade, que são, segundo ele mesmo: o Surrealismo, a Patafísica e o Pânico. Colega de “absurdistas” como Beckett, Ionesco e Genet. Exímio enxadrista, com uma vasta obra literária, teatral e cinematográfica, é o dramaturgo vivo mais encenado da atualidade.
Em agosto de 2010 acontece, em Salvador, o evento Torre de Arrabal. Um projeto onde as linguagens do teatro, cinema e artes visuais, se encontram para dialogar sobre a arte do dramaturgo espanhol Fernando Arrabal.
Comemorando os 78 anos do autor, Torre de Arrabal engloba a apresentação do espetáculo Torre de Babel, no Teatro Martim Gonçalves, uma instalação de artes visuais sobre o dramaturgo, a apresentação de um documentário do diretor baiano Fernando Beléns sobre Arrabal e a exibição do longa-metragem Irei como um cavalo louco, de direção de Fernando Arrabal.

Cenas de Irei como um Cavalo Louco

Contato: torredearrabal@gmail.com