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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Torre de Babel

Arrabal surgiu em minha vida quando ainda não sabia o que era Teatro do Absurdo, Movimento Pânico ou Patafísica. E foi assim, livre desses pré-conceitos que adentrei no universo arrabalesco. Em Fando e Lis busquei o caminho de Tar, em Oração prometi ser boa e pura como os anjos, mas foi Torre de Babel  que me fez jurar: melhor morrer de pé a viver ajoelhada!
 A Torre de Babel se apresentou para mim quase ilegível, em folhas datilografadas de tinta esmaecida, pedia para ser decifrada, decifra-me ou devoro-te, disse-me. Fiz mais, eu mesma a devorei. Apaixonei-me por Latídia, essa duquesa cega e pura, perseguindo uma utopia tão inatingível que só é possível concretizá-la em uma outra realidade, essa realidade arrabalesca – em que o sagrado e profano se misturam, em que todos são movidos por intenções puras e infantis. Diverti-me com os mendigos que, embora, sujos, bêbados e aleijados defendiam a honra com a nobreza de um conde.
Em 2008, quando conheci esse ilustre homenzinho, de pouca altura e muita genialidade: Fernando Arrabal que, com o altruísmo da nossa protagonista me recebeu em sua casa, ofereceu-me vinho, bombons, e um pouco de seu conhecimento, tive a certeza de que era a hora de encenar A Torre de Babel. Mas a encenação apenas não me satisfazia mais, queria poder compartilhar com a minha terra o pouco que vi e vivi ao lado desse grande mestre, e ele, com um sorriso nos lábios,  aceitou, com a condição de em Terra Brasilis comemorar seu aniversário. Começava então a construção da Torre de Arrabal.
Marcelle Pamponet

Diretora de Torre de Babel

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